quarta-feira, 25 de julho de 2007

BANDA MONTANA - Uma seção de fotos....

Rebuscando nossos "alfarrábios" sempre encontramos "novidades". Porém nem sempre podemos precisar sua existência no tempo, e sendo assim, não querendo mascarar qualquer citação nossa, resolvi publicar algumas fotos antigas, o que também serve para apresentar nossos personagens, ou seja integrantes mutados da gloriosa Banda Montana.



Esse registro, revela um integrante "curioso" e excêntrico em suas apresentações conosco.

Por ausência do Fabrício, o Carlinhos - Todo de preto no lado esquerdo da foto - sempre nos "socorria" suprindo portanto a ausência.

Creio que essa foto foi tirada nos idos de 90... não me recordo ao certo.

Mas estamos "Los 3 Amigos"... Carmen, Eu e o Alex. Parceria significante em meu coração.



Falando do Carlinhos, essa cena já foi mencionada, ocasião em que meu querido amigo se enveredou pelo Balantines juntamente com um "gringo"... Arrasou na noite... e a nossa banda também...

Adentrando um pouco no contexto L.A.W., nós, os remanescentes de toda essa história, temos também nossos tempos de "juventude"... Coisas de outros tempos...



Meu precioso amigo, nos tempos daquela "velha canção dos Beatles" e suas peripécias na guitarra.





Um excelente exemplo do "ontem X hoje"... o mesmo Alex com vestígios de modernidades.

Mais intelectual, puramente acústico, e com uma dinâmica invejável. Aprendo muito com ele.


E por falar nisso, aqui estou eu "nos tempos da brilhantina"... Curiosamente e coisa rara, estou a bordo de uma guitarra. Instrumento tal que simplesmente "sucumbiu" - segundo uma amiga gosta de dizer.

Não sei o que foi que deu nessa "menina", pois absurdamente não me lembro o final dessa guitarra.



Então, a brilhantina se foi.... meus cabelos?? céus!!! sucumbiu também...

Mas existem coisas que ao envelhecerem redobram seus predicados; Nossa amizade é um exemplo disto. Nosso desempenho musical também é bem mais refinado...

terça-feira, 24 de julho de 2007

BANDA MONTANA - Homenagem ao Billy Jack

Estávamos viajando com a banda e acho que era para Barretos.
Sei que em uma das paradas do ônibus, estávamos conversando, eu, o Pico e a Carmen sobre compormos uma nova música para tocarmos nos nossos shows.
Além das velhas canções dos Beatles que tocávamos e dos clássicos da country music, a única composição própria que tínhamos até então e sem ser instrumental era a "Tião boiadeiro".

Esta inclusive era um verdadeiro clássico nos nossos shows, pois durante a sua execução que às vezes era até longa, a Carmen se empolgava e começava a falar frases que ela ouvia nas locuções dos rodeios em que íamos tocar ou então começava a ler as frases escritas nas faixas que o público ou algum grupo de fãs de São José que às vezes nos seguia pelas festas afora, levava nas apresentações. Era uma música realmente muito contagiante.

Mas precisavamos de um novo "hit" e foi durante esta parada, que escreví um rascunho e à cantarolei para o grupo.
Nascia então "Uma canção para Billy Jack".
Uma canção que falava de um cowboy solitário em busca da felicidade e da mulher amada.
No dia em que entramos no estúdio para gravá -la, o Pico estava tão inspirado na hora de gravar o solo de banjo, que acabou por criar numa música tão simples que eu havia composto em minutos dentro de um ônibus, um dos solos mas bonitos que tinhamos ouvido até então.

Sei que durante os últimos quatro anos da banda, esta música era simplesmente obrigatória nos nossos shows. Lá no bar " Billy Jack Saloon", geralmente deixávamos para tocá-la quase no final da noite antes do medley com as "velhas canções dos Beatles" e o bar ía por terra devido a festa que o público fazia. Afinal, o título além de ser uma homenagem ao bar, se tornou também uma homenagem aos clientes que o frequentavam e se identificavam com o clima "western" do ambiente.
Uma época que realmente deixou muitas saudades.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

BANDA MONTANA - O sorteio do jumento...

Cada coisa....
Era uma vez.... Fomos tocar em Bom Jesus dos Perdões na festa local.

Lugar movimentado naquele dia, pois dentro da programação haviam shows com "nomes" de peso, como Sérgio Reis, Banda Montana, dentre outros.

Como rotina, chegamos à cidade, nos apresentamos ao nosso contratante que imediatamente nos levou para o restaurante... Interessante, todo mundo pensa que músico morre de fome, pois a primeira providência é encher a barriga dos artistas. Porém, não querendo quebrar o protocolo artístico, fomos ao tal restaurante.

O almoço era o trivial "rango"... Macarrão, frango, arroz, feijão e Q-Suco (lembram disso?... taloco...) - Comam à vontade (?) - Depois de algumas aventuras onde o "comam à vontade" foi uma tremenda furada, passamos a ser mais comedidos, e solicitar que em nossos camarins houvesse comida para antes ou depois de nossas apresentações... (aprende-se né??).

E uma recomendação de nosso promotor era que não andássemos pela cidade, pois poderia haver confusão com os "cowboys" locais - Todo mundo pensa também que músico é conquistador e que as "cowboas" do local são todas as mais belas do mundo... nem sempre.

Pois bem, após o almoço, ficamos no dito restaurante aguardando então nossa carona para o hotel, quando um alvoroço na rua da "Terra de Marlboro" nos chamou a atenção.

TIETAGEM

Fomos até a janela ver o que estava acontecendo e era a chegada do cantor Sérgio Reis. Havia um "frenesi" na multidão e com razão dada a personagem que estava passando.

O que espantou foi a manifestação frenética também do Alex que queria tirar fotos, autógrafos do referido "colega".. Conseguimos acalmar meu "doce" amigo e o evento passou sem maiores problemas.

Quando nossa carona chegou fomos direto ao hotel. Nosso promotor se reuniu conosco para traçar o script de nossa apresentação pois seria um baile e não propriamente um show curto.

E no meio da conversa nos disse que haveria um sorteio entre os presentes e que o objeto do sorteio era bom e despertava o interesse de todo mundo, e portanto , na segunda parte de nossa apresentação deveríamos tomar alguns cuidados com os instrumentos e fios do palco pois iria ser ocupado pelos organizadores e a premiação seria feita pela "miss" da cidade, que chegaria com o séquito de princesas, 1a., 2a., rainha da festa, enfim, quase uma multidão no palco.

Nossa curiosidade foi enorme, e o segredo estava muito bem guardado, pois nosso promotor se recusara solenemente a revelar o que seria sorteado. Tentamos até suborna-lo... e nada.

Bem, resignados, apenas fizemos nossas apostas em o que poderia ser tão primoroso para ser sorteado já que nem nós, participantes efetivos do evento não podíamos saber do que se tratava.

Restou aguardar o início do Baile. E nesses casos, sempre o promotor quer aparecer mais que qualquer um... E ficou com o microfone falando dos patrocinadores, do prefeito local, presidentes de tudo que era organização, etc... Nisso levou quase 1 hora em discurso, até que apresentou nossa banda.

A coisa transcorreu normalmente, as pessoas chegando, dançando, os mais animados no gargarejo pedindo essa ou aquela música, cabelos brilhando.. não sabia no momento se era brilhantina, banha de porco, algum gel enfim.. indefinido.

Notamos no canto do salão um cercado e um jumento todo "engomado"... Não entendemos muito aquilo, porém, poderia ser um costume ou fator de decoração de algum "designer" mais de vanguarda... não sei.

E quando estávamos tocando uma velha canção dos Beatles, fomos interrompidos pelo tal promotor que fez o chamamento para o sorteio.. A zona se estabeleceu naquele recinto.... Uma gritaria, empurra-empurra... até que a "onda" acalmou.

E começou a chamada da "realeza" para iniciar o sorteio... E teve um monte de prêmios, de galinha a bicicleta, até que foi anunciado o "grande premio da noite"...

"E agora, com vocês, a nossa miss vai fazer o sorteio do nosso prêmio"... e virou para o Denilson na bateria e disse "que rufem os tambores"... nossa!!! deu até um calafrio nesse momento.

E a garota toda cheia, enfia a mão no saquinho com os bilhetes e sorteia... "numero 1234" anunciou... Um silêncio na platéia até que um lá no meio começou a gritaria...

E subiu ao palco, ganhou beijo das moças, abraços do prefeito... (imaginem a nossa curiosidade até o momento, pois acho que uma fazenda estava sendo sorteada).

E por fim... foi apresentado o dito prêmio... O JUMENTO !!!!!

E quem disse que o contemplado conseguiu puxar o "muar" até perto do palco para apresentar ao público....

quarta-feira, 11 de julho de 2007

BANDA MONTANA - Pico x Danny de Vito

Numa das muitas viagens que a banda já fêz, são ínumeros os fatos inusitados e alguns até hilários que já vivemos na estrada.

Um deles foi em um dos nossos retornos à Espírito Santo do Pinhal, quando dois empresários da cidade nos contratou para tocar num rodeio que estavam promovendo.
Acredito que devia ser o primeiro que realizavam naquele local, devido a falta de infra estrutura do lugar e a pouca divulgação, além de que era vísivel a falta de experiência por parte dos organizadores do evento.

Sei que dos poucos que estavam presentes no local nos assistindo e que graças à Deus estavam curtindo o show ! O número de público presente em outros recintos era muito pequeno.
Já aonde estávamos tocando, a galera dançava, pulava e quém já conhecia as músicas cantava junto conosco... Uma verdadeira festa, "nossa" diga-se de passagem... rs

Porém, a festa que estavamos promovendo com o nosso show não era suficiente, pois os outros eventos que aconteciam ali, como por exemplo, os rodeios, foram simplesmente um FIASCO !
Os caras gastaram muito e o retorno que tiveram em 2 únicas noites não era o suficiente para pagar o que gastaram com certeza...

Sei que estávamos quase no final do show quando uma das cordas do violão do Pico arrebentou e tivemos que parar para fazer a troca. Nesta, do meio do povo (não dá pra falar multidão porque era muita pouca gente; infelizmente...) sai um camarada BAIXINHO, GORDO, CALVO... Enfim, a cara do Danny de Vito (sabe aquele artista de cinema que é comediante e que fêz o pinguim no Batman "o retorno" ?), então era o cara.

Totalmente com a cara cheia de manguaça e para piorar todo cheio de razão só porque ele era um dos organizadores (é isso aí minha gente !!) e o PREFEITO da cidade (imagina a situação e a população vendo aquilo)... Chegou para o Pico que havia descido do palco e apontando o dedo na cara dele disse em dialeto "Cacchesssco"...
- Você vai voltar lá e vai continuar tocando !! Ouviu bem !!!
O meu irmãozinho todo político e procurando manter a calma disse:
- Calma amigo ! A corda arrebentou e sem ela não dá pra continuar.
- Não quero saber !!! Volta lá e toca !!!!

Sei que o pau quase quebrou lá e que no final das contas nem voltamos a tocar.
O outro organizador (o cara que assinou o nosso contrato) chegou e conseguiu acalmar os ânimos do prefeito "Danny manguaça de Vito" e eles tiveram que arcar com os prejuízos.
Bem, pelo menos nós recebemos e o Danny escapou de levar um "tapão" na orelha.

BANDA MONTANA - Saquarema, o paraíso do surf...

Certa vez fomos surpreendidos com um telefonema do Rio de Janeiro...

"Alô, tudo bem 'merrmão'... aqui é o Odair Pintor, de Saquarema, região dosh lagosh".. (olha o sotaque)..
Pois não... "Seguinte, vou fazer um rodeio aqui na minha fazenda, e me recomendaram vocês.. E olha toda a moçada do surf vai estar aqui... Saquarema, tá entendendo??"

Oba, afinal uma boa coisa pra nós. Nunca fomos pra lá.. e o panorama era legal.. Tudo bem, mandamos o contrato, voltou assinado, mapa do local, tudo direitinho... "Só não depositou o estipulado em contrato" - "Merrmão aqui é o Odair Pintor, operador da bolsa de valores do Rio de Janeiro, não bota fé não?" - Vixe.. o homem é tubarão... Resolvemos aceitar o argumento.. Afinal, Saquarema... praia... surf... enfim... fechamos.

Não me lembro o motivo, mas o Fabrício não podia ir... Chamamos o Hugo (Huguinho na casa dele). Baixista de partitura e baixo acústico.. tava tocando muito... fizemos a proposta e ele aceitou.

Colocamos tudo no carro e pegamos estrada... Chovia o 2o. dilúvio... e foi assim por quase 500 km. até chegar na "região dosh lagosh".... Paramos na cidade de Maricá e fomos pedir informações de como chegar na "fazenda" do nosso contratante...

Pega essa estradinha de terra (barro melhor dizendo) e anda 8 km.. é perrtinho... Que problema... Um barrão, chuva em cima... o carro lotado, o saco cheio de estrada... Vamos lá...

Pegamos a estradinha.... Minha nossa... No rádio tocava "uma velha canção dos Beatles"... e o carro dançava... o Hugo, atrás, com um walkman, encolhido, cara amarrada, quieto.... O Alex, olhando pra frente, estático... e eu no maior rally naquele barro... Foram os 8 km mais longos da minha vida... Enfim chegamos na tal fazenda...

Santa Cruz!!!! O que era aquilo... uma chácara, por acabar, e um monte de gente dentro de um brejo... Descemos no rancho e um cidadão lá em baixo gritou.. "Tem uma vaca atolada... " Comentei - "A vaca foi pro brejo!!!".... Dali há pouco, chegou o nosso "con-tratante"...

Calca arregaçada até o joelho, barro no ouvido, mal cheiroso e fez o discurso "Bem vindos à minha fazenda"... "Seguinte, hoje vai ter churrasco a noite toda... sacrficamos a danada". E outras pessoas chegando com "quartos" da coitada nas costas... Olhamos aquilo.. olhamos um para o outro.... "Sei não"...

E não teve evidentemente nada do que estava previsto, nem surfista e muito menos rodeio... E a noite chegou.. nós sem acomodação, com frio, fome, e ainda por cima observando o trabalho com a vaca...

Fizeram um forró pra animar a "festa" dentro de uma capelinha onde cabiam 10 pessoas - em pé...

E ao final daquilo tudo... "Vocês vão ficar alojados no meu 'chalé"... Opa!!! Um sobrado sem reboque... no meio de um lamaçal... que coisa....

E nossa "suite" tinha 4 colchonetes no chão.. sujas.. úmidas.. que coisa triste.. por fim dormimos...

A acordar... "Tem um café esperto pra vocês..." é só descer .... Meu, tinha um cheiro horrivel subindo a escadinha... algo tenebroso... descemos...

Na mesa, jundo com um saco de pão, um bule de café... e umas panelas cheias no lado... Não dá pra comer nada aqui... esse cheiro... Estavam cozinhando o bucho da vaquinha... Alguém já presenciou isto?? Horrores de odores....

Por fim estávamos dentro do carro, sem dinheiro para voltar, o Hugo querendo matar um... e fizemos todo o trajeto de volta... 500 km... sem grana, com chuva, sem banho... Essa foi de matar.

BANDA MONTANA - O "Carlinhos"...

Temos um amigo, que muitas vezes se apresentou conosco.. Vozeirão, cantor de quermesse.. gosta de um holofote... o Carlinhos...

Figurinha exclusiva no mundo da genética. Simples, elouqüente na fala, ingênuo até não poder mais... honesto, enfim.. um grande amigo...

Certa vez fomos viajar.. Desta vez para tocar uma semana fora na região de Araraquara e cidades vizinhas... Chamamos o Carlinhos para dar uma força, que aceitou na hora.

Pegamos o ônibus... Aí já começa a nossa odisséia com o Carlinhos.

Em uma parada, na Anhanguera, calorão danado... resolvemos descer. Antes da parada, o Carlinhos sentado na ultima poltrona, sem as botas - imagine o odor - e dormindo largado. Eu percebi, puxei a bota por baixo do banco e coloquei no guarda-malas acima.

Quando fomos descer... "acorda Carlinhos..." e descemos. Em poucos minutos vimos o Carlinhos atrás de nós.. "Oi turma!!! A minha bota andou... e lá estava ele com um pé somente, o outro com um furo na meia, deixando o dedão do pé aparente.. e andando no meio do restaurante... Aff... ninguém merece...

Continuamos a viagem... Chegamos ao nosso primeiro destino...
Nos alojamos no hotel, um bom hotel por sinal... E cada um pro seu quarto, combinando de descermos para jantar as 18;30.

Começamos a nos encontrar e nada do nosso amigo... Passada quase uma hora, eis que de repente surge o Carlinhos... "Turma... engraçado, o shampoo do hotel é muito bom, parece até que é importado. O danado fez uma espuma que nao havia meios de acabar.. quanto mais esfregava, mais espuma fazia..."

Fomos ver o que era esse shampoo... Meu!!! Era sais de banho!!!! E o maluco jogou no cabelo... Deu no que deu afinal... Espuma pra dois dias de banho...

Jantamos e fomos passar o som... Chegamos no local, tudo arrumadinho, o pessoal da técnica a postos e cadê o Carlinhos... Lá fora conversando com um "gringo".. e falando ingles.... (mas.. se nem o portugues direito....deixa pra lá), e os dois dando risadas e o gringo enchendo o copo do Carlinhos - era whisky.. e "ele não bebe!!! - Pronto...

Terminamos, e o Carlinhos e seu "friend, numa nice".. Mataram um "Bala 12 anos"... Meus deus...

Começou o show... bem, o Carlinhos não tocava sem sua pasta de letras... E tínhamos tudo marcado - cada músico com a sua lista de repertório, para introduções, solos, etc... E o pior aconteceu... O Carlinhos virava a página... pegava de 2...3 ... e começava a tocar e cantar... Pegava todo mundo desprevinido... O Denilson, baterista queria matar o amigo...

No intervalo.. .bem... lá vai o Carlinhos jogar um xaveco numa moça... Ao se aproximar, quis dar uma de cowboy galante... tirou o chapéu... Imaginem o susto da moça, pois o cabelo do Carlinhos ficou todo espetado pra cima... era o tal shampoo.. e o povo dando risadas, o Carlinhos achando que estava abafando... a moça com as mãos no rosto horrorizada....

Chega o Carlinhos e diz... "Aí turma... viram a gatinha que faturei???" Minha nossa... era de matar...

Grande amigo... Casou, tem uma filhinha que eu juro que não é dele, pois ela é linda...

BILLY JACK SALOON - A Banda Montana viaja...

Certa vez, fomos contratados para tocar numa cidade - Espírito Santo do Pinhal, num local chamado "Midnight Rodeo", um bar frequentado por universitários até as quintas-feiras, e depois ficava vazio pois quase toda a cidade viajava de volta pra casa.

Chamamos o "Edson Revolução - Rauzito Clone" para tocar no BJ e nos despachamos para a tal cidade.

Chegamos, fomos conhecer o local, realmente bonito, bem decorado... nos sentimos em casa. Fomos levados ao hotel e ficou acertado que as 13h viriam nos buscar para almoçar.

Acomodados e observando a rua, chegou a nossa carona que nos levaria ao restaurante. Demos uma volta pela cidade, cheio de faixas alusivas à nossa apresentação, e no rádio tocava "aquela velha canção dos Beatles", quando no intervalo entra o locutor com o famoso "seguuuuuura peãoooo"... e atende um ouvinte:

"Alo, quem fala?"... "Crodete..." "E aí Crodete, quer ganhar um convite para o show desta noite?" "Craro"... "Então responda, qual o nome da banda que vai se apresentar lá hoje?"... "Essa é fácil.. Montana Cowboy "Graup" (group - deve ter imaginado que a pronúncia era esta)... Eita nóis.... "Ganhou Crodete!!!! e para ganhar o direito de levar um acompanhante, namorado, amigo, cacho... Que música é essa Crodete??? - e solta uma balada... "É....é.... Agoramu!!!" Acertou de novo querida ouvinte.... Quer oferecer?? "Craro... pa minhas colega..." Pronto... parabéns Crodete, é só passar aqui na radio para pegar seus convites..."

"E agora com vocês... You made it right ( I've got a moon.....), com a banda Montana".

E a Crodete chamou a música de Agoramu (???), taloco....

Refeitos da surpresa da Crodete, chegamos ao restaurante. Coisa simples, porém bonitinho e acolhedor. Na parede um monte de autógrafos de outros artistas, e nos foi oferecida uma caneta para também fazer parte daquela galeria de raridades.

Nisso o nosso cicerone, nos diz "fiquem à vontade... daqui uma hora eu pego vocês"... E virou para o atendente e disse "atenda no que eles quiserem"...

Ebaaa... O Alex, sempre ele, pegou o cardápio e disse que escolheria o prato para nós... Olhou, olhou, e pediu 4 filés "à Chateubriant"...

Jesus..... Quanta comida... parecíamos reis romanos comendo... Terminamos, o carona chegou, nos levou para o hotel e fomos logicamente, dormir um pouco...

Tocamos, uma noite maravilhosa e voltamos... No outro dia, hora do almoço, nosso carona de novo nos pega no hotel e vamos para o restaurante... (meus deus... comer tudo aquilo de novo...).
Chegando lá, o mesmo recepcionista, e um novo comentário do cicerone... "Zé... serve o combinado pros músicos..."

Demorou certa de 40 minutos para sermos servidos... "X-salada pra todo mundo"...

"Mermão... não tem nada errado não?" - "Não senhor, é que deu o que fazer para receber a conta "docês" de ontem... e o patrão mandou servir o sanduiche... o prejuízo é menor"...

Caraco... e por causa do Alex, comemos o tal X-salada....

BILLY JACK SALOON - O porteiro da Zona...

O BJ estava localizado num local excelente. Ao lado da faculdade de odontologia, próximo a colégio, ônibus fácil, rua tranquila para estacionamento, uma certa segurança... enfim um bom local.

Ao lado funcionava o "Red Lady", uma "casa simples, com cadeiras na calçada"... Era um estabelecimento dedicado a shows e transformismos, etc. e tals, a popular "zona".

Uma noite, "geladassa", adentrou ao recinto, o "hostess" do local todo encapotado, com a boca roxa coitado e pediu algo que o aquecesse rapido e eficazmente, pois tinha uma longa noite pela frente. "Aquela ali, amarelinha..." pediu.

O Sheriff foi em socorro do cidadão e serviu uma dose "no capricho" e pediu que esperasse pois ia pegar os acessórios - sal e limão...

Qual não foi a surpresa, ao virar e deparar com o copo vazio, e o cidadão estalando os dedos, batendo os pés no chão e sem respirar....

O Jr (sheriff) deu a volta no balcão às pressas, e começou a dar tapas nas costas do infeliz, que se recuperou, respirou fundo, agradeceu e saiu....

Lá pelas tantas, volta o amigo, agora em camisa regata, todo calorento e procurou o Sheriff e pediu outra dose.

Só que esclareceu... "Meu irmão, mas mistura um pouquinho de água senão a "madita" me mata... olha só o calorão que me deu..."

Foi aí que o Jr explicou que era tequila amarela, e que era bebida junto com um punhado de sal e suco de limão, exatamente para poder ser digerida mais facilmente.. E o maluco tomou um duplo direto do copo...

Veneno de cobra!!!

BILLY JACK SALOON - O pente da Carmen...

Além de manter o BJ, eu também trabalhava - ninguém é perfeito - e meus colegas de trabalho, semanalmente se reuniam após o expediente para um "esquenta" da sexta-feira no BJ que tinha que antecipar suas atividades para as 17h.

Certa vez, era o aniversário de um dos colegas, e foi resolvido que haveria o "esquenta" do happy hour e logo mais à noite a comemoração com direito a bolo e pirulito.

Só que exigiram então que o atendimento fosse completo, e portanto que a banda se apresentasse, desde à tarde... como era uma sexta promissora, combinamos então - a Banda Montana - de ensaiar e entreter desta forma o pessoal.

E o pessoal da banda se preparou então para a "esticada"... não retornando pra casa, uma vez que começaríamos o ensaio/show a partir das 18h.

Nisso eis que surge a Carmen em grande estilo...

A Carmen, querida amiga, irmã, gente fina... é vaidosa, bonita, um pouco "forte", etc. e nesse dia estava estreiando uma roupa nova, um jeans creio que com lycra muito bonito.. ou seja, jeans lycra é agarradinho, justinho, modelador.. sexy eu diria..

Lá pelas tantas, o pessoal já devidamente "esquentado", paramos de tocar um pouco e de repente ouço uma gritaria, palavrões e outra série de atos/fatos impublicáveis. E todo o pessoal rindo da situação...

Ao falar com a Carmen, rocha de raiva e cuspindo marimbondos, ela me disse que um meu "amigo" havia pedido pente pra ela.. (???)

Estranhando a coisa, perguntei - "E por isso aconteceu esse barulho todo?"...

Bem, ela então, ainda bufando me respondeu que o problema não era o pente, e sim a forma do pedido que foi feito.

Mais intrigado ainda, insisti que não tinha entendido, e ela me explicou:

Aquele FDP - e apontou o cidadão - tacou a mão na minha bunda e perguntou se eu tinha pente!!!

Aff....

(Essa não deu pra omitir querida)

segunda-feira, 9 de julho de 2007

BILLY JACK SALOON - O meu velório.....

Uma noite, final da noite, como fazíamos todos os finais de semana, sentamos todos do BJ numa mesa para tomarmos a nossa cerveja, comer a batatinha com queijo da Dona Maria - mãos maravilhosas - e relembrar os acontecimentos da noite.

Em dado momento, eu já estava entregue... Me deitei em cima da mesa de sinuca e apaguei. Devo ter dormido umas 2 horas de sono profundo.

Qual não foi meu susto macabro, e aterrorizante para quem acorda meio tonto, ao se deparar ao redor da mesa com um monte de velas acesas, o BJ todo escuro e as pessoas em volta olhando pra mim...

Meus Deus... Que loucura foi aquilo. Olhei ao redor, aquele "velório", as pessoas em silêncio, olhando pra mim.... Meu coração quase parou.

E levantei correndo, meio caindo da mesa em que eu estava, e foi aquela algazarra comigo. Tudo por culpa e intenção dos "meus amigos"... Todos sem distinção....

Só faltou a coroa de flores. O resto tinha tudo... Nunca consegui dar o troco nestes bandidos funestos....

E me chega o "Zézinho", o Sancho Pança do BJ e me fala - "Ta tudo bem 'seu' Pico?"... Danado... Ele era marido da Dona Maria, que cuidavam do bem estar dos frequentadores do bar, ela na cozinha fazendo maravilhas e o Zézinho cuidando de tudo o que ocorria no salão, banheiros, etc.

Pessoal inesquecível - nem tem como!!!

BILLY JACK SALOON - O dia em que a terra parou

Essa foi de lascar. Quem pensava que só a Banda Montana fazia sucesso no BJ se enganou. Até nós.

Certa vez fomos convidados a tocar fora e ficou uma interrogação: O que fazer? O Sheriff - sempre ele, um anjo da guarda - sugeriu:
"Tem um amigo, que toca Raul Seixas" - Rauzito no BJ?? Que heresia... Heresia foi a nossa ao entender que não cabia outra música no BJ.

E o tal amigo, hoje um dos maiores que tenho/temos era o clone do Rauzito. E trazia com ele mais 2 músicos - o Cota - Baterista de primeiríssima categoria e o seu baixista - um dia eu conserto isso aqui e coloco o nome do baixista que não lembro quem é no momento.

E com o Rauzito Clone, uma multidão se apossou do BJ. Foram aproximadamente 4 ônibus lotados que parou na frente e acederam todos ao interior da casa.

Era o show do "Edson e Revolução Psicológica" ... Que barbaridade, no sentido de público que ele trazia.

O barulho foi tanto que tivemos que buscar cerveja em outras casas na cidade - empresta dos amigos - pois não havia como atender a todos, que em pouco tempo consumiram todo o estoque do bar.

E o BJ passou a ser também o palco do Revolução Psicológica, do meu grande amigo Edson.

O Edson me fez passar por uma dura prova certa vez, pois ele estava tocando um violão que fiquei apaixonado... e não havia negócio que eu propusesse que ele aceitasse. Ofereci o meu violão e um valor em dinheiro e nada... E ele, com o coração maior que a música dele me dizia - Sempre que você quiser tocar com ele, pega comigo. E assim era, sempre que se apresentava no BJ eu dava uma canja com o violão dele.

Certa vez, depois de tanto eu insistir, eu fui um chato... ele me disse - Se você conseguir uma guitarra igual à do Raul Seixas, o violão é seu. Pronto, arrumei um problema.

Ofereci uma guitarra de boa marca - Ibanez - o que não foi suficiente para o desejo do meu amigo. Então perguntei quais eram as características do instrumento que queria....
E ele me deu marca, cor e ano de fabricação - IMPOSSÍVEL pensei...

E quando a gente pensa que milagre não existe, passando por uma loja, vi na vitrine uma guitarra parecida com a que eu procurava...
Era da marca Snake, semi-acústica e vermelha - Todas as especificações do Edson. Que coisa!!!

Comprei a guitarra que estava linda, e fui imediatamente atrás do Edson. Ao chegar na sua casa, fui informado que ele estava dormindo.. "Acorda ele"... não posso..."É importante"... não posso... "Meus deus... Chama o Edson por favor"... não posso... Pulei o muro, fui numa janela que achei ser a do quarto dele, e bati com força, e a sua mãe quase me batendo com a vassoura, até que o danado abriu a janela e refreou o instinto assassino que tava naquela vassoura...

E acho que nunca vi na minha vida, alguma manifestação de emoção como a do Edson quando viu o que eu tinha dentro do carro....

A Guita do Rauzito!!! - igual lógico...

E para a minha satisfação de desejo realizado, a inauguração da guitarra foi no BJ e em grande estilo....

Esse é o meu amigo "Edson Revolução" - Grande abraço amigão.

BILLY JACK SALOON - Maestro Sabiá...

Um belo dia, ou noite, surgiu no BJ um senhor... Maltrapilho, sujo, morador de rua... E ficou ouvindo o som da banda, que nesse momento tocava "Midnight Cowboy" com gaita.... em dado momento, esse senhor tirou um objeto do bolso, que mais tarde vim a saber se tratar de um pente, e com um pedaço de plástico começou a solar em cima da minha gaita.

Com surpresa olhava aquele homem, compenetrado no seu "instrumento", e imediatamente o Fabrício, baixista, pegou um microfone e passou para ele. Foi a glória. Improvisou o que deu em cima do clássico que tocávamos.

E de novo o BJ veio abaixo!!! Paramos, cumprimentamos o inusitado músico e o Sheriff ofereceu pra ele (dadas as suas condições e aspecto) comida, refrigerante, enfim, tudo o que quisesse.

Aquele senhor comeu com prazer e satisfação e acenando pra nós - tocando - se foi. Mais tarde ficamos sabendo o nome daquele senhor - Sabiá....(?).

Na próxima semana, apareceu novamente o "Sabiá"... Desta vez com um blazer (todo surrado) com sapatos limpos mas mirrados, mas estava "alinhado"... E já chegou botando banca... Tirou o pente do bolso e começou a nos acompanhar, não sem antes aguardar o microfone.

Antes que começasse já foi aplaudido por todo o BJ.. E ele foi apoteótico. Fez suas reverências solenes, virou para a banda e meio que regendo, determinou o andamento que queria, e começou a tocar sua música. E nós, músicos da noite, corremos atrás do som empolgante do Sabiá.

Terminada sua apresentação, o tradicional lanche, e desta vez o Jr. Sheriff lhe entregou um "cachê", que me informou depois que era sua contribuição para aquele senhor. E então o "Maestro Sabiá" começou a fazer parte da folha de pagamentos do couvert artístico, e a cada sua apresentação, ele vinha melhor vestido, barba feita, ou seja, um músico de classe.

Nâo tive mais notícia desse amigo. Falava pouco, pouco também sabíamos a seu respeito, só sei que era morador de rua, vivia do que ganhava das pessoas, e uma informação meio recente e não confirmada deu conta que ele havia partido... Foi tocar numa orquestra celestial.

Saudades Maestro Sabiá... O rei do pente.

BILY JACK LITERÁRIO - Sarau Poético...

Outra faceta do Billy Jack era a multiplicidade cultural que acontecia por lá.

Já ocorreu uma esposição de quadros, desfile de modas, noite de causo, noite de poesia... Uma séria contribuição cultural para a noite quadrada da cidade.

Certa noite, num intervalo, chegou perto um frequentador do BJ e me pediu para declamar uma poesia. Imediatamente foi atendido, o público notificado e o artista se pôs a falar em verso e prosa a sua paixão. (Me referi a frequentador por infelizmente não recordar o nome do meu amigo, cuja imagem é nítida na minha lembrança). E sua trova foi curta, mas suficiente para ser aplaudido e ovacionado pelos amigos do BJ..

Desde então, toda quarta-feira, la vinha "O Poeta" com seus versos e rimas, voltados para uma paixão que até hoje não sei se estava presente no momento, ou somente em sua memória, mas emocionava sobremaneira os casais apaixonados e românticos que frequentavam o bar.

BILLY JACK FOR KIDS - Sunset Band

Tão logo a notícia do BJ se espalhou, surgiram alguns personagens que merecem destaque, pelo surgimento e pela amizade que se estabeleceu...

Uma noite, adentrou ao BJ uma família inteira... Pai, mãe e 5 irmãos.. aproximadamente 12, 11,10,9 e 7 anos. Tatiana, Filipe, Lelênia, Spencer, Jonathan. Todos vestidos à carater, como os novos petroleiros do Texas.

E essa molecada entrou dançando, todos ritimados e coreografados. Parou o boteco!!!

E a partir de então, passaram a se incorporar ao "B.J. Entertainment", pois davam o seu show em nossas apresentações. Criamos um espaço para a performance deles.

O tempo foi passando, todos eles se empenhando em aprender um instrumento, e por fim criaram a Sunset Band, nos moldes da nossa, e com uma riqueza de repertório tradicional pois tinham raízes norte-americanas, inglesas e brasileiras.

Ganharam espaço artístico, fizeram muitos shows, e sempre se apresentavam no BJ com seu sucesso também.

O tempo passou, o BJ também, e muitos anos após, reencontro parte dessa moçada, hoje com seus 30 anos.. Alguns irmãos e pais estão no Arizona, uma irmã casada morando em São Bernardo do Campo, mas, Filipe e Spencer estão próximos e sempre que possível, tocamos juntos, conversamos de nossas histórias.

Filipe e Spencer recuperam carros antigos - e põe antigo nisso. Spencer tem uma fixação pelos "V8", principalmente o Landau, e o Filipe entre outras coisas, desenha muito bem os modelos dos carros antigos... uma perfeição.

Certo dia, estava no bar de um amigo, o Leopoldo, era inverno... e um transeunte do bar, se não me engano era chamado de "Pirata" começou a me "esquentar" com conhaque de terceira.
Em pouco tempo, estava eu debruçado na amureta do bar - uma varanda... e virando no avesso literalmente... que porre!!! E qual não foi minha surpresa e vergonha ao ser amparado pelo Filipe que me dava duras - "Você é meu ídolo... Nunca te vi bebendo desse jeito"... " que vergonha"... enfim... tive a minha pena por sair do limite.

Confesso que tenho um carinho muito especial por esses irmãos, e os respeito muito pela conduta exemplar.

ALEX MC CARTNEY (que presente)...

Certa noite, o BJ estava fervendo como de costume, a banda mandando ver no palco, acontece uma correria pra fora do bar. Uma briga!!!

E qual não foi a surpresa ao descobrir que um namorado enciumado, encheu a menina de tapa. Coisa de louco. E foi um "pega-pa-capá", todo mundo correndo atrás do maluco, enfim, uma confusão danada. E a menina é levada para dentro através de amigas e depois de se recompor no banheiro, senta sozinha e chorosa numa mesa em frente, meio do lado do palco.

O Alex ao ver aquela cena se encheu de compaixão e me chamou para tocar uma música pra ela. A banda estava no intervalo, e peguei o violão e o Alex começou a cantar "Yesterday"....

Tão romântico estava que o pessoal todo começou a acender os isqueiros, as luzes foram apagadas, ficando só a do palco em cima do Alex...

E ele interpretou magistralmente aquela velha canção dos Beatles. E a menina chorava, e ele cantava, a menina chorava... foi uma coisa melodramática.

Todo o bar se ajuntou em uma grande roda em torno do Alex, nesse momento próximo à mesa com o microfone na mão, as luzinhas dos isqueiros piscando, algo digno de James Taylor e sua "You´ve got a friend" no Rock'n Rio...
E essa música demorou uns 9 minutos, lenta, repetitiva e emocionante... E o Alex se aproximando cada vez mais da moça.

Realmente era uma coisa de louco, pois a menina era muito bonita, loura, olhinhos verdes, cabelos compridos e encaracolados... Uma deusa... E o meu amigo "cara de pau" - ébano melhor definindo, aos poucos foi conquistando o coração da musa inspiradora...

E não é que em dado momento, acabou a música, o pessoal fez uma barulheira, o Alex ganhou um beijinho.. e voltamos todos a tocar...

Quando a Carmem começou a cantar uma seleção, o Alex saiu do palco... e lá no escurinho... estava ele sentado, nos braços da "diva"... Cara de sorte....

DIAMANTINO....Mangalarga Puro-sangue/cana

Certa noite, em um dos intervalos musicais do BJ, se aproxima o Guilherme (Gui). Meu amigo de infância, nos distanciamos, e reencontramos.

O Gui era uma figurinha à parte, oportunamente faço uma descrição deste palhaço.

Pois bem, chegou o Gui, "acima do teto", coisa que naquelas alturas eu também estava atingindo o seu patamar, e me oferece um cavalo... Aquele que semanalmente amarrava na corda na porta do BJ.

Bem, um cavalo??? O que fazer com um cavalo se eu morava em apartamento, só tinha uma garagem... "Mas estou falando de um puro-sangue... Com pedigree, Grande Campeão da Raça".

Céus, e o Gui andando noite adentro com uma pérola destas??? "Cetá maluco???"

Bom, conversa vai, cerveja vem, conversa vai, cerveja bem... Em dado momento o Gui tirou do bolso da calça um papel amarelado, todo dobradinho e me mostrou.. "Olha, vou te mostrar uma coisa, "zegredo, zuzo bem?" "Zim" respondi...

E ele desdobrou cuidadosamente aquele pergaminho e me mostrou seu conteúdo...

"Diamantino do Horizonte", manga larga paulista, idade 6 anos, etc...

Rapaz!!!! Não é que o meu amigo tem o RG do "equinus"???

Nesse momento, não sei o que me deu na cabeça, mas o fato é que estava interessado em saber mais do Diamantino. Desci as escadas, apoiando meu amigo (ele tem paralisia infantil, e uma perna problemática) e fomos olhar o cavalo.

Me mostra os dentes, a crina, o céu da boca, o saco, patas... tudo na mais perfeita ordem e eu, "entendendo tudo"... Só faltou afirmar que tinha baixa quilometragem.

E o Gui (FDP) me convenceu!!!! Fechamos negócio às 3 e pouco da manhã, e eu ainda por tocar mais uma seleção de banjo no palco.

Marcamos para receber o cavalo as 9h do dia seguinte num local não muito perto, e portanto eu teria que ir à pé pois fechei um excelente negócio - o cavalo vinha com as "traias" - sela, bridão, essas coisas.

No caminho, comecei a atinar sobre o que estava acontecendo, e me apavorei... Onde colocar o cavalo? Já sei!!! No sítio de um dos tios - o mais perto. Ufa... resolvido...

Cheguei no local combinado, o Gui estava com o Diamantino todo lustroso... passou óleo de bebê no dito cujo.. Eis a preciosidade que adquiriu...

Meus Deus... Diamantino tinha de quatro, 1,90m... (1,20 só de pernas) e eu de dois, 1,70... Um problema para montar.

Recebi o cavalo, e o Gui estava com pressa - queria dormir.. e se mandou. Encostei o dócil animal perto de um muro, e montei.. Que emoção!!!!

Upa cavalinho.... nada... Upa-upa alasão.... nada... Que merda... Anda cavalo... nada... Bem, nesse momento pensei, ele esta na calçada e deve ser por isso que não quer andar (sabe como são esses puros-sangue temperamentais....).

Desci da calçada e com muito esforço e desajeitado consegui montar meu alasão... Me senti na "Terra de Marlboro"... chapéu na cabeça, bota de barretos, e em cima de um cavalão daqueles...

Enfim, o Diamantino andou... "toc, toc, toc, toc"... Caramba, não entra a segunda nem a pau... e apertava, falava, beijava como os carroceiros fazem, e nada... "toc-toc-toc-toc".... Acho que está cansado, afinal andou a noite toda com aquele desalmado, vamos em frente..

Andamos uns 200 metros... o Diamantino parou na porta de uma garagem - aquelas portas de aço, de correr... pois bem... parou bem pertinho, altivo, orelhas atentas, patas traseiras um pouco afastadas, pose de campeão...

Vamos Diamantinho... nada... Anda....nada... Upa cavalinho... nada. Lembrei da calçada inicial - "Deve estar respeitando a calçada, pois subira nela.." Apeei do Diamantinho, puxei-o até a rua e com aquele esforço descrito anteriormente, montei novamente... E o Diamantino andou... (ufa)

Na cadência deste "lorde", andamos mais uns 400 metros e a cena se repete: parou na porta de outra garagem. Caramba, deve estar cansado, e confunde sua baia com estas portas. Fazer o quê... em alguns quilometros teria seu merecido descanso.. Me restou descer, puxar, montar e "toc-toc-toc-toc"...

Enfim, atravessei o centro da cidade, parando a cada 50 metros e puxando, montando... Isso não ia ficar assim... Comecei a recobrar minha serenidade, sobriedade, e raciocinar o que tinha acontecido... Um burro comprou um cavalo!!!!

Revoltado com a situação, era um sabado de manhã, comércio abrindo, um movimento danado e eu com o meu pangaré puxado pelas rédeas...

Preciso falar com aquele #*&@!!! E naquela época não existia o bendito celular. Enfim, consegui um telefone de um amigo que sabia o telefone de outro amigo que podia saber o telefonde do Gui.

Depois de uma hora aproximadamente consegui falar com meu "amigo"... "Vem buscar essa merda aqui!!!" Em meia hora eu chego!

Resignado, esperei.... eram 9;30 quando liguei e o meu amigo apareceu 12;00.

"O que está acontecendo?" - "Esse cavalo não anda" Vamos ver...

E não é que o Gui montou o cavalo (com 1,5 perna - pois tem paralisia em uma) e saiu trotando com aquele FDP???

Eu expliquei o que acontecia com as garagens... e ele me disse inocentemente:

"Sabe o que é, ele pensa que vai parar num boteco.. e já se ajeita para esperar você voltar e ir para outro". Só isso...

O Diamantino voltou feliz da vida com o seu antigo dono, e eu voltei de novo à pé!!!

Nunca mais!!!!

Guilherme é um grande amigo, saudades de nossas "artes".

domingo, 8 de julho de 2007

BILLY JACK SALOON - Banda Montana Cowboy Group

Passados alguns anos - creio que 4, de existência do BJ, entre idas e vindas de companheiros músicos, me foi apresentado o Alex.

Eu precisava de alguém comigo que tocasse baixo, pois o Camilo, o primeiro baixista da antiga banda Tennessee, havia casado, e não poderia mais se dar ao luxo de música...

O Alex veio por indicação de um amigo em comum, e imediatamente percebi que como baixista ele daria um excelente guitarrista - que era na realidade seu instrumento.

Junto com o Alex, resolvemos então reformular a coisa... Ele chamou o Fabrício, e eu a Carmem, e formamos então a banda Montana Cowboy Group.

Nessa época o BJ era sem dúvida a melhor casa da cidade. Sempre cheio e com um público cativo. A cada semana era uma atração diferenciada.

Um dos shows que era o maior sucesso e criava expectativa em todo o público, inclusive em nós era o "duelo"....

O DUELO
Nessa época, o Jr Sheriff, trabalhava em companhia de outro amigo - o Paulo (saudades). E ambos devidamente paramentados como Sheriff e o Delegado.

Certa noite, o BJ então em outro lugar, bem maior, e naturalmente cheio de gente jogando sinuca, fliperama e truco, e evidentemente a banda tocando uma velha canção dos Beatles, vejo uma barulheira no salão... Bandejas no chão, copos e garrafas quebrando, um corre-corre entre as pessoas...

Paramos de tocar para ver o que estava acontecendo... E eis que surge o Paulo Delegado, caído no chão, algumas mesas foram derrubadas, enfim "uma zona total"... E qual não foi a surpresa com a reação do público que aplaudia de pé, e na maior gritaria a performance destes 2 malucos.

Haviam realizado o primeiro de uma centena de duelos no BJ.

Imediatamente depois de recuperados, os representantes da lei do BJ, pegaram seus chapeus e foram passando de mesa em mesa, recolhendo contribuições para pagar o prejuizo que causaram com copos e garrafas quebradas.

Inacreditável o quanto conseguiram, pagaram as despesas e faturaram mais do que o trabalho da noite. Desde então, foi criada a apresentação dos personagens no BJ.

A cada dia, o duelo acontecia em um momento diferente, o que causava expectativa e evidentemente mantinha o pessoal consumindo tudo a que tinham direito (estratégia do Sheriff) e a arrecadação do "chapéu" era o cachê dos artistas.

Banda MONTANA
A banda era um caso à parte, pois estava para o BJ como o mesmo estava para a banda. Em nosso repertório, tínhamos uma seleção de Beatles enorme, e agradava a todos que dançavam sem parar embalados pelo som que a banda mandava.

Tanto que em muitas vezes o Sheriff solicitava que parassemos para que pudesse haver consumo, caso contrário ficavam dançando o tempo todo.

"Janis Joplin ainda vive"
A minha querida amiga, de todos os tempos Carmem, era a reencarnação de Janis Joplin pois quando cantava "Mercedes Benz" ou "Me and Bob McGee" o bar parava.

A Carmem era a operadora oficial da "janaína" nossa bateria eletrônica... e quantas vezes sua confusão com os botões da janaína fizeram uma salada em nosso som, pois algumas músicas eram programadas e não havia possibilidade de alterações ou variações, outras eram operadas manualmente...

Nossa relação "intra-banda" era algo de irmãos... Tínhamos nossos momentos (no palco) de bagunça um com o outro, que só a nós era perceptível.

Quando o Alex cantava uma velha canção dos Beatles em tom muito alto, eu puxava sempre um refrão a mais para forçar a barra em cima dele... Quando eu tocava gaita, era cochichado aos meus ouvidos coisas impublicáveis, onde nao aguentava e caía na risada, enfim... Algo muito além da imaginação.

O Fabrício era o "fashion" do palco... Todo de preto, luvas pretas, o baixo preto e sua altura também era de chamar a atenção... quase 2 metros. Baixista originariamente de rock - pesado... se tornou um dos baixistas mais ecléticos que conheci. Tocava muito!!!

E a Banda Montana expandiu seus domínios musicais, sendo constantemente contratada para bailes e festas de peão por todo o estado.

Aí era um problema para o BJ pois caía a frequência do público, pois grande parte nos acompanhava onde quer que estivéssemos.... Sempre quando tocávamos, havia um que gritava no meio do público "Olha nós aqui...!!!!" e lá estavam nossos amigos... Com camisetas da banda, faixas, cartazes ou simplesmente botando fogo no pessoal... Tínhamos uma torcida particular.

A Banda se apresentou seguidamente por 5 anos na festa de Barretos... E éramos esperados pela cidade, com placas enormes nos recepcionando e o clube devidamente preparado para mais um show da Banda Montada.... Fizemos sucesso por lá...

sábado, 7 de julho de 2007

BILLY JACK SALOON - O Sheriff

Um personagem marcante do BJ, foi o Júnior.

Eu o conheci tocando em um bar (MPB) e ele era o garçon daquela casa. Ficamos amigos e quando da inauguração do BJ o convidei para me ajudar, pois precisaria de alguém que fizesse a máquina girar uma vez que eu estaria tocando, etc.

Figurinha difícil de encontrar... Baixinho, gordo, com cabelos pretos... Tão logo o Jr se deparou com o "ambiente de trabalho", começou a transformação do meu amigo.

Em uma semana, na sua face havia um bigode estilo mexicano, um "sombrero" e um colete de franjas. Imediatamente providenciei um revolver de brinquedo (que assustava pelo tamanho e realidade) e uma estrela de 5 pontas - U.S. Marshall.

Pronto, o primeiro personagem do BJ nasceu - O Sheriff.

Naquela época, a cerveja Kaiser estava sendo massificada na população e a adesão ainda era complicada, nem todos aceitavam a cerveja. Ainda que com o "baixinho fazendo sucesso com a grande cerveja".

Quando algum cliente perguntava sobre a cerveja, o Jr. informava que tinha a Kaiser e quando havia uma certa resistencia do cliente, meu amigo não perdia o momento:
"a Kaiser é uma grande cerveja...." cantarolava... e pronto, lá ia uma cerveja parar na mesa.

Durante toda a existência do BJ, Jr foi o Sheriff que significava, a gerência operacional da casa.

Meu amigo inesquecível (e de quase toda a cidade também).

BILLY JACK SALOON - O velho oeste é aqui...

Tão logo a notícia da abertura do BJ correu, estabeleceu-se uma confraria de alguns amigos - acabaram se tornando - de "cavaleiros noturnos".

Na semana seguinte à inauguração, perto das 20H começaram a chegar cavaleiros na porta do BJ que tinha uma escada para o acesso (era no andar superior de um sobrado). Como habituados ao improviso, esticaram uma corda e ali amarraram os "veículos"..

Nem precisa comentar que a coisa virou atração na cidade. Todo mundo que passava, parava para ver o que estava acontecendo ali. E qual não era a surpresa, daqueles que ainda não conheciam o BJ...

Enfim, esta situação perdurava, e a cada vez mais eram agregados frequentadores assíduos.

Esta introdução foi necessária para que se estabelecesse uma linha de aproximação entre 2 amigos que iriam vivenciar coisas incríveis, inusitadas e muito engraçadas.

A partir de agora, os fatos, as histórias começam a perder o compromisso de tempo, pois são 10 anos de acontecimentos e cada um deles com uma situação nova, interessante e por que não dizer engraçados.

BILLY JACK SALOON - Grand Opening...

A inauguração dispensa comentários... Uma coisa normal de inaugurações...

No entanto, alguns detalhes merecem descrições, pois a partir daquele momento algo novo estava acontecendo na cidade.

Quem chegava, se deparava com quase uma tonelada de folhas de eucalípto pelo chão e consequentemente os odores inerentes. Quadros e luzes, a sinuca em andamento e como novidade, o jogo de truco...

Enquanto a banda, formada por todos os amigos que ajudaram na "reforma" mandava ver a essência da música country, com gaita, banjo, vocais, e tudo o mais.

A formação original da "Tennessee Country Band" - batizada 5 minutos antes da primeira música era a seguinte:

Banjo - Pico
Violão - Rogério
Guitarra - Xandão
Baixo - Camilo
Bateria - Eduardo
Gaita - Joel "Billy" (saudades)

As instalações eram modestas - 15 mesas, um balcão com 5 bancos, localizada num sobrado. No entanto, nesse dia, contabilizamos no momento de pico, perto de 300 pessoas.... e durante toda a noite - que acabou as 7 da manhã, passaram perto de 900 pessoas pelo "BJ".

Estava instituída a casa mais agitada da região do Vale do Paraíba, que ganhou fronteiras e todos os turistas que se dirigiam para o litoral norte do estado ou ainda Campos do Jordão, paravam.. por terem conhecido ou terem sido recomendados....

E por ali passaram grandes nomes, e canjas inimagináveis aconteceram no minúsculo palco do BJ.

BILLY JACK SALOON - O berço...

Apresentando o estúdio da concepção...
Billy Jack Saloon foi uma casa noturna que perdurou por aproximadamente 10 anos nas páginas alternativas do entretenimento.

Inaugurado após uma frustrada tentativa de continuidade de um local existente, chamado "Lira do Delírio", um bar comportadinho, atrativo de casais cochichando juras e sonhos, ao som de consultório, e iluminação bem suave.

Nessa ocasião - 1983, me foi oferecido pelo então proprietário, pois o mesmo não via alternativas de manutenção e sobrevida do "bucólico"...

Achei interessante, por ter um nome sugestivo - "Lira do Delírio" - o que me traduziu como um local musical.

Em 15 dias de "Sob nova direção", percebi que a lira havia há muito desafinada.

Nesse momento, olhando em volta, comentei com um amigo músico - Alexandre "Xandão" - que algo deveria ser feito para que as coisas começassem a atender outros objetivos do que ficar de "vela" para os casais que ali estavam.

Imediatamente se dispôs a buscar uma guitarra e em menos de 2 horas o "Lira" estava "delirando", pois a primeira música que rolou, o óvulo, foi "Against the Wind" - Bob Seeger. O Xandão com sua guitarra "self-made" e eu com meu violão".

sexta-feira, 6 de julho de 2007

L.A.W. - ROCK´n BLUES - Genesis..

No começo.... Bem, no começo era uma vontade... um sonho.

Um sonho aliás muito desejado em função de preferências musicais, visto que poucos músicos se dispunham a entender ou conhecer um pouco mais do gênero musical.

Estou falando da "country music", "folk music", "rockabilly", "sixties", "seventies"... Uma época muito rica e precursora de quase tudo que existe atualmente em termos de música mundial.

Hoje, passados mais de 20 anos, resolvemos, eu e meu amigo, irmão, parceiro, companheiro, etc. escrever nossas experiências, tudo o que vivenciamos em nossa carreira.


Quem somos:

Luiz Antonio - Pico - Violão, Banjo, Gaita e alguns vocais
Alex Wladimir - Wlad - Violão, Guitarras, Baixo e muitos vocais.


Nosso nome- L.A.W. - Contratura de Luiz Antonio e Alex Wladimir.
O que fazemos - Blues, Country, Folk, Rock - Acústico.

A partir deste momento, iremos narrar nossas aventuras musicais - e são muitas - porém sem o compromisso cronológico para que tenhamos liberdade de expor os fatos à medida de suas recordações.
Esse blog é um laboratório em função de nossa proposta em editar um livro com nossos "causos".
Contamos com as colaborações de nossos amigos, pois não sabemos de tudo o que se passou em nossa história, ainda assim por nem sempre estarmos ao par dos acontecimentos relacionados à nossa parceria.

Pico
06/07/07