quarta-feira, 11 de julho de 2007

BANDA MONTANA - Saquarema, o paraíso do surf...

Certa vez fomos surpreendidos com um telefonema do Rio de Janeiro...

"Alô, tudo bem 'merrmão'... aqui é o Odair Pintor, de Saquarema, região dosh lagosh".. (olha o sotaque)..
Pois não... "Seguinte, vou fazer um rodeio aqui na minha fazenda, e me recomendaram vocês.. E olha toda a moçada do surf vai estar aqui... Saquarema, tá entendendo??"

Oba, afinal uma boa coisa pra nós. Nunca fomos pra lá.. e o panorama era legal.. Tudo bem, mandamos o contrato, voltou assinado, mapa do local, tudo direitinho... "Só não depositou o estipulado em contrato" - "Merrmão aqui é o Odair Pintor, operador da bolsa de valores do Rio de Janeiro, não bota fé não?" - Vixe.. o homem é tubarão... Resolvemos aceitar o argumento.. Afinal, Saquarema... praia... surf... enfim... fechamos.

Não me lembro o motivo, mas o Fabrício não podia ir... Chamamos o Hugo (Huguinho na casa dele). Baixista de partitura e baixo acústico.. tava tocando muito... fizemos a proposta e ele aceitou.

Colocamos tudo no carro e pegamos estrada... Chovia o 2o. dilúvio... e foi assim por quase 500 km. até chegar na "região dosh lagosh".... Paramos na cidade de Maricá e fomos pedir informações de como chegar na "fazenda" do nosso contratante...

Pega essa estradinha de terra (barro melhor dizendo) e anda 8 km.. é perrtinho... Que problema... Um barrão, chuva em cima... o carro lotado, o saco cheio de estrada... Vamos lá...

Pegamos a estradinha.... Minha nossa... No rádio tocava "uma velha canção dos Beatles"... e o carro dançava... o Hugo, atrás, com um walkman, encolhido, cara amarrada, quieto.... O Alex, olhando pra frente, estático... e eu no maior rally naquele barro... Foram os 8 km mais longos da minha vida... Enfim chegamos na tal fazenda...

Santa Cruz!!!! O que era aquilo... uma chácara, por acabar, e um monte de gente dentro de um brejo... Descemos no rancho e um cidadão lá em baixo gritou.. "Tem uma vaca atolada... " Comentei - "A vaca foi pro brejo!!!".... Dali há pouco, chegou o nosso "con-tratante"...

Calca arregaçada até o joelho, barro no ouvido, mal cheiroso e fez o discurso "Bem vindos à minha fazenda"... "Seguinte, hoje vai ter churrasco a noite toda... sacrficamos a danada". E outras pessoas chegando com "quartos" da coitada nas costas... Olhamos aquilo.. olhamos um para o outro.... "Sei não"...

E não teve evidentemente nada do que estava previsto, nem surfista e muito menos rodeio... E a noite chegou.. nós sem acomodação, com frio, fome, e ainda por cima observando o trabalho com a vaca...

Fizeram um forró pra animar a "festa" dentro de uma capelinha onde cabiam 10 pessoas - em pé...

E ao final daquilo tudo... "Vocês vão ficar alojados no meu 'chalé"... Opa!!! Um sobrado sem reboque... no meio de um lamaçal... que coisa....

E nossa "suite" tinha 4 colchonetes no chão.. sujas.. úmidas.. que coisa triste.. por fim dormimos...

A acordar... "Tem um café esperto pra vocês..." é só descer .... Meu, tinha um cheiro horrivel subindo a escadinha... algo tenebroso... descemos...

Na mesa, jundo com um saco de pão, um bule de café... e umas panelas cheias no lado... Não dá pra comer nada aqui... esse cheiro... Estavam cozinhando o bucho da vaquinha... Alguém já presenciou isto?? Horrores de odores....

Por fim estávamos dentro do carro, sem dinheiro para voltar, o Hugo querendo matar um... e fizemos todo o trajeto de volta... 500 km... sem grana, com chuva, sem banho... Essa foi de matar.